quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Se tudo fosse flores...





















Se tudo fosse flores

tu desfilarias com teus pés entre margaridas todos os dias
e choveria pétalas de rosas por sobre teus cabelos
perfumando e acariciando tua pele

se tudo fosse flores
passaríamos os dias entre engarrafamentos de beija-flores
que voariam em volta de nós
beijando flores beijando

e as árvores seriam multicoloridas
vida ainda mais além do verde
vida nas tulipas
com que eu te presentearia diariamente
vida nas rosas e begônias
matar a sede com copos-de-leite
descansar abraçados entre os boganvilles
correr e brincar entre as flores do campo
brincar e abraçar e beijar

e ao final do dia
final de todo dia
eu chegaria em casa
sorrateiramente
te surpreenderia largada
nua sobre a cama
à minha espera
assim tão bela tentação
para oferecer a ti
eternas semprevivas.

AMARELA

ഫ്ലോര്‍ ബ്രില്‍ഹാന്റെ



segunda-feira, 26 de outubro de 2009

BALAIADA

A PROVÍNCIA DO MARANHÃO ENTRE 1838 - 1841

Entre os anos de 1838 e 1841, a Província do Maranhão foi abalada por vários levantes que atingiram também a vizinha Província do Piauí. Esses levantes receberam o nome geral de Balaiada porque um dos seus líderes, Manuel Francisco dos Anjos, fabricante e vendedor de balaios, era conhecido pelo apelido de "Balaio ".
Na época, a população total do Maranhão era de aproximadamente 200 mil habitantes, dos quais 90 mil eram escravos, além de uma grande massa de trabalhadores formada por sertanejos ligados à atividade pastoril e à lavoura. Nesse momento, o Maranhão enfrentava a crise da economia algodoeira.

Após a Guerra da Independência dos Estados Unidos da América, o algodão, principal produto de exportação da Província, passou a sofrer a concorrência do algodão norte-americano que voltara a dominar o mercado internacional.
Na Província do Maranhão, como na do Grão-Pará, o reconhecimento da Independência não se fizera de modo pacífico. Ao contrário, provocara conflitos entre colonos e portugueses, possibilitando que a massa de trabalhadores, formada pelas camadas mais pobres da população, pegasse em armas nas lutas então travadas. No entanto, apesar da Independência, a realidade dessas massas não se modificara. Continuavam marginalizadas e afastadas do poder político e econômico.
A REVOLTA DOS BALAIOS
Durante o Período Regencial a situação continuou tensa. A política da Província era marcada por disputas entre os bem-te-vis, que se opunham aos governistas, chamados pejorativamente de cabanos. A Balaiada começou a partir dos choques entre esses dois grupos, mas em pouco tempo ganhou autonomia, tornando-se um movimento das massas sertanejas.
Segundo Caio Prado Júnior, "na origem deste levante, vamos encontrar as mesmas causas que indicamos para as demais insurreições da época: a luta das classes médias, especialmente urbana, contra a política aristocrática e oligárquica das classes abastadas, grandes proprietários rurais, senhores de engenho e fazendeiros, que se implantara no país."
O grupo bem-te-vi, nome tirado do jornal O Bem-te-vi, representava a população urbana que se opunha aos abusos dos proprietários de terras e aos comerciantes portugueses. Os conflitos entre bem-te-vis e cabanos agravaram-se após a votação da chamada "lei dos prefeitos", .pela qual os governantes locais, os prefeitos, passaram a ter poderes imensos, inclusive o de autoridade policial.

Os cabanos, que estavam no poder, conseguiram maior controle da Província, nomeando seus partidários para o cargo de prefeitos, o que redundou em perseguição aberta aos bem-te-vis.
No Maranhão a insatisfação social era grande. Negros e mestiços constituíam a maior parte da população. Como aponta o historiador Arthur César Ferreira Reis, "Milhares de negros que fugiam aos maltratos dos senhores aquilombavam-se nas matas, de onde saíam para surtidas rápidas e violentas sobre propriedades agrárias." O movimento logo escapou do controle das camadas dominantes, transformando-se num levante dos setores mais humildes da Província.
O fato que costuma marcar o início da revolta ocorreu em dezembro de 1838, quando o vaqueiro Raimundo Gomes, um mestiço, conhecido como Cara Preta, passava pela Vila da Manga, levando uma boiada de seu patrão para vender em outro local. Na ocasião muitos dos homens que o acompanhavam foram recrutados e seu irmão aprisionado sob a acusação de assassinato.

O recrutamento obrigatório, uma das armas de que o Governo dispunha para controlar a população, sempre foi muito impopular, visto que recaía basicamente sobre os menos favorecidos, obrigados a qualquer momento a servir nas forças policiais ou militares. Raimundo invadiu a cadeia libertando não só seu irmão como os outros presos. A guarda não reagiu. Ao contrário, aderiu.

Disponível em: http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/1980410:BlogPost:45210. Acessado em 28/10/2009.

A greve de 1951: O povo contra as fraudes

A “Balaiada de São Luís”, como ficou conhecida, a greve de 1951, foi o mais formidável movimento urbano da história do Maranhão. Representou movimento popular amplo, radical e heterogêneo que mobilizou a “massa urbana” revoltada com as práticas fraudulentas e coronelescas de Victorino Freire, cujas conseqüências foram marcantes. A greve de 1951 ocorreu num cenário de acirramento intra-oligárquico e girou em torno do poder exercido por Victorino Freire que havia corrompido o processo eleitoral garantindo a vitória de seu candidato, Eugênio Barros. O pano de fundo que ensejou a greve de 1951, foi a disputa dos grupos políticos pelo controle do Estado, numa época de ascensão de novas lideranças políticas no Maranhão, ameaçando o poder de Victorino Freire.
Uma dessas lideranças era de Saturnino Belo, ex interventor e vice-governador, até então, aliado de Victorino. Ele apresenta a sua candidatura às eleições de 1951, contra o candidato vitorinista. Saturnino Belo era candidato das classes empresariais, conseguiu aglutinar no pleito, as siglas: PSD, PR, PSP, PL, UDN e o PTB, formando uma grande aliança partidária, em torno de sua candidatura, além de compor as “Oposições Coligadas”. Foi um dos principais protagonistas da greve de 1951. no enstanto, desde 1950 tinha sido preterido pelo oligarca maior do Estado, quando, uniu-se às “Oposições Coligadas”.
Por outro lado, o candidato vitorinista ao cargo de governador do Maranhão era o ex-prefeito de Caxias Eugênio Barros, que disputou a eleição pelo Partido Social Trabalhista – PST. O pleito foi cercado de expectativas e de denúncias de fraudes. Estava em jogo o poder de Victorino Freire no Estado. Aberta as urnas, o candidato das “Oposições Coligadas”, Saturnino Belo, saiu na frente, principalmente em São Luís. Estava ameaçada a vitória do candidato da oligarquia. Victorino Freire preocupado com o quadro eleitoral desvantajoso entra em cena: conseguiu anular via TER, 31 seções eleitorais, algo em torno de 16.000 votos, o suficiente para garantir a ultrapassagem de Eugênio Barros sobre Saturnino Belo e “vencer” o pleito com uma margem mínima de 6.000 votos.
A declaração do resultado pelo TER, acirrou os ânimos. A população de São Luís reagiu de forma violenta à posse de Eugênio Barros. Passeatas foram organizadas; piquetes e discursos inflamados foram feitos em praça pública; jornais foram empastelados; casas de juízes foram depredadas; até mesmo o prédio do TER foi queimado pelos rebeldes. Os “soldados da liberdade” agora iam à forra contra o poder fraudulento. Assim, o povo radicalizou suas ações, influenciado pelos oposicionistas.
Dentre eles estava, Neiva Moreira, fluente jornalista, líder do movimento, acusado injustamente de incendiar vários bairros como Caratatiua, Goiabal e Cavaco, provocando o desabrigo de centenas de pessoas, levando-as ao desespero. Este líder da greve de 51, era chamado de “Caramuru: Deus do fogo”.
Durante o desfecho do movimento, como estratégia, os rebeldes fecharam o porto de São Luís, diminuindo a oferta de alimentos no Estado. São Luís ficou totalmente paralisada por uma greve geral nos meses de fevereiro e março e posteriormente setembro e outubro. A morte do candidato das “Oposições Coligadas”, Saturnino Belo, ampliou os conflitos. Seu funeral foi acompanhado por aproximadamente 40 mil pessoas o que equivalia a 33% da população da capital.
Os ânimos se alteraram e as posições de ambos os lados tornaram-se radicais. Através da violência, as forças militares tentavam calar a multidão incontida. O conflito foi inevitável: houve mortos e feridos em praça pública demonstrando o despreparo policial e o desespero da oligarquia em abafar o movimento. Nem a vinda do Ministro Negrão de Lima e de tropas federais a São Luís, arrefeceram os ânimos. O poeta Nauro Machado, testemunha ocular, assim narrou a violência estabelecida na greve de 51: “Mudo, antes o tiroteio comeu alto, roçou de ponta a ponta: a lei falou sua fala. Sim, a fala-força dos fuzis, das balas, não belas, amarelas. Bolos de mortos. Para se ir à morte não é preciso passaporte. Um quieto domina a Praça Dom Pedro II. Gente morrida matada, corpo sangrando, lares sem pais, filhos, tudo, a prostituição. As gentes estavam rebeladas: a corrupção, as velhas estruturas, o caciquismo e o sindicato da fraude. Universidade da fraude (A mão maquiavélica de Victorino. ‘Uma porca será eleita, até pro senado, se ele desejar’- diziam) assim chamaram”.
“- Escuta esta, fala baixo, dizem que foi muita gente enterrada viva, só com a perna quebrada, por exemplo, mas era ordem superior. Moradores dali de junto do cemitério de São Pantaleão contam que ouviam os gemidos, os apelos”. (MACHADO. In CABRAL: 2206, 02).
Em meio à crise, o deputado César Aboud, assume o cargo de governador até o julgamento do mérito pelo TSE. Apesar da forte reação popular, foi confirmado e diplomado o candidato vitorinista Eugênio Barros. Em conseqüência disso, houve uma ampla mobilização popular contra a posse de Eugênio Barros, o que possibilitou uma intervenção federal do governo Vargas, através do Ministro Negrão de Lima acompanhado de perto por populares numa atitude de pressão de denuncismo. A intervenção promoveu inclusive o controle militar da capital, que foi ocupada por tropas do Ceará, Piauí, Pará e aviões da FAB, sob o comando geral do general Edgardino, comandante da 10ª Região Militar, que em represália ao movimento, impôs as seguintes determinações:

1. “Permitir reuniões públicas somente das 8 às 10h e das 17 às 19h, exclusivamente na Praça João Lisboa.
2. Proibir agrupamentos fora da Praça João Lisboa.
3. Proibir porte de armas mesmo as licenciadas.
4. Considerar como condição de hostilidade o porte de cassetetes, canos, pedras e outros objetos que possam servir para depredação.
5. Considerar desacato às suas ordens a propagação de boatos tendenciosos ou pregação de desordens, motins ou violências contra pessoas ou propriedades.
6. Proibir aos militares da ativa o uso de trajes civis durante o período de prontidão da tropa”. (MOREIRA: 1190, 43)
A estratégia adotada pelas oposições era o acirramento do conflito, com o apoio das camadas populares urbanas. A greve de 1951 tinha o apoio de trabalhadores, estudantes, classe média, políticos e até empresários, parte expressiva da população da capital que votará no candidato de oposição. Desse modo, enquanto as “Oposições Coligadas” obtiveram em São Luís, 20 mil votos, couberam apenas 3 mil sufrágios a Eugênio Barros, candidato vitorinista. Nesse contexto, o movimento alcançara grande repercussão nacional e internacional, transformando-se numa campanha de libertação contra o jugo vitorinista: era a “Balaiada Urbana”. São Luís, passa então, a ser considerada a “Ilha Rebelde”, jargão que virou mito, bastante alardeado nas campanhas políticas da atualidade. Além de São Luís, houve atos de rebeldia em cidades como São João dos Patos, Coroatá e Grajaú.
É importante ressaltar, além da presença do trabalhador urbano, a grande contribuição das mulheres que tiveram participação expressiva no movimento, denunciando a fraude e coletando alimentos e dinheiro para minorar o sofrimento das vítimas dos incêndios, contribuindo inclusive, para garantir a permanência da população no processo de mobilização. O saldo mais triste da greve de 1951 foi o assassinato, pelas forças militares, de vários jovens sonhadores, dentre eles: João Moreno, João Evangelista de Sousa e José de Ribamar Prado, este último de apenas 17 anos.

Artigo extraído do livro "Conhecendo e Debatendo a História do Maranhão"
(Joan Botelho).

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Praça da Cultura, Buriticupu - MA



Revolução Industrial

A substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo de produção doméstico pelo sistema fabril constituiu a Revolução Industrial; revolução, em função do enorme impacto sobre a estrutura da sociedade, num processo de transformação acompanhado por notável evolução tecnológica.
A Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII e encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo, a fase de acumulação primitiva de capitais e de preponderância do capital mercantil sobre a produção. Completou ainda o movimento da revolução burguesa iniciada na Inglaterra no século XVII.

Etapas da industrialização

Podem-se distinguir três períodos no processo de industrialização em escala mundial:

1760 a 1850 – A Revolução se restringe à Inglaterra, a "oficina do mundo". Preponderam a produção de bens de consumo, especialmente têxteis, e a energia a vapor.

1850 a 1900 – A Revolução espalha-se por Europa, América e Ásia: Bélgica, França, Ale¬manha, Estados Unidos, Itália, Japão, Rússia. Cresce a concorrência, a indústria de bens de produção se desenvolve, as ferrovias se expandem; surgem novas formas de energia, como a hidrelétrica e a derivada do petróleo. O trans¬porte também se revoluciona, com a invenção da locomotiva e do barco a vapor.

1900 até hoje – Surgem conglomerados industriais e multinacionais. A produção se automatiza; surge a produção em série; e explode a sociedade de consumo de massas, com a expansão dos meios de comunicação. Avançam a indústria química e eletrônica, a engenharia genética, a robótica
Artesanato, manufatura e maquinofatura

O artesanato, primeira forma de produção industrial, surgiu no fim da Idade Média com o renascimento comercial e urbano e definia-se pela produção independente; o produtor possuía os meios de produção: instalações, ferramentas e matéria-prima. Em casa, sozinho ou com a família, o artesão realizava todas as etapas da produção.
A manufatura resultou da ampliação do consumo, que levou o artesão a aumentar a produção e o comerciante a dedicar-se à produção industrial. O manufatureiro distribuía a matéria-prima e o arte¬são trabalhava em casa, recebendo pagamento combinado. Esse comerciante passou a produzir. Primeiro, contratou artesãos para dar acabamento aos tecidos; depois, tingir; e tecer; e finalmente fiar. Surgiram fábricas, com assalariados, sem controle sobre o produto de seu trabalho. A produtividade aumentou por causa da divisão social, isto é, cada trabalhador realizava uma etapa da produção.
Na maquinofatura, o trabalhador estava sub¬metido ao regime de funcionamento da máquina e à gerência direta do empresário. Foi nesta etapa que se consolidou a Revolução Industrial.

O pioneirismo inglês

Quatro elementos essenciais concorreram para a industrialização: capital, recursos naturais, mercado, transformação agrária.
Na base do processo, está a Revolução Inglesa do século XVII. Depois de vencer a monarquia, a burguesia conquistou os merca¬dos mundiais e transformou a estrutura agrária. Os ingleses avançaram sobre esses mercados por meios pacíficos ou militares. A hegemonia naval lhes dava o controle dos mares. Era o mercado que comandava o ritmo da produção, ao contrário do que aconteceria depois, nos países já industrializados, quando a produção criaria seu próprio mercado.
Até a segunda metade do século XVIII, a grande indústria inglesa era a tecelagem de lã. Mas a primeira a mecanizar-se foi a do algodão, feito com matéria-prima colonial (Estados Uni¬dos, Índia e Brasil). Tecido leve, ajustava-se aos mercados tropicais; 90% da produção ia para o exterior e isto representava metade de toda a exportação inglesa, portanto é possível perceber o papel determinante do mercado externo, principalmente colonial, na arrancada industrial da Inglaterra. As colônias contribuíam com matéria-prima, capitais e consumo.
Os capitais também vinham do tráfico de escravos e do comércio com metrópoles colonialistas, como Portugal. Provavelmente, metade do ouro brasileiro acabou no Banco da Inglaterra e financiou estradas, portos, canais. A disponibilidade de capital, associada a um sistema bancário eficiente, com mais de quatrocentos bancos em 1790, explica a baixa taxa de juros; isto é, havia dinheiro barato para os empresários.
Depois de capital, recursos naturais e merca¬do, vamos ao quarto elemento essencial à industrialização, a transformação na estrutura agrária após a Revolução Inglesa. Com a gentry no poder, dispararam os cercamentos, autorizados pelo Parlamento. A divisão das terras coletivas beneficiou os grandes proprietários. As terras dos camponeses, os yeomen, foram reunidas num só lugar e eram tão poucas que não lhes garantiam a sobrevivência: eles se transforma¬ram em proletários rurais; deixaram de ser ao mesmo tempo agricultores e artesãos.
Duas conseqüências se destacam: 1) diminuiu a oferta de trabalhadores na indústria doméstica rural, no momento em que ganhava impulso 0 mercado, tornando-se indispensável adotar nova forma de produção capaz de satisfazê-lo; 2) a proletarização abriu espaço para o investimento de capital na agricultura, do que resultaram a especialização da produção, o avanço técnico e o crescimento da produtividade.
A população cresceu, o mercado consumidor também; e sobrou mão-de-obra para os centros industriais.

Mecanização da Produção

As invenções não resultam de atos individuais ou do acaso, mas de problemas concretos coloca¬dos para homens práticos. O invento atende à necessidade social de um momento; do contrário, nasce morto. Da Vinci imaginou a máquina a vapor no século XVI, mas ela só teve aplicação no ,século XVIII.
Para alguns historiadores, a Revolução Industrial começa em 1733 com a invenção da lançadeira volante, por John Kay. O instrumento, adaptado aos teares manuais, aumentou a capacidade de tecer; até ali, o tecelão só podia fazer um tecido da largura de seus braços. A invenção provocou desequilíbrio, pois começa¬ram a faltar fios, produzidos na roca. Em 1767, James Hargreaves inventou a spinning jenny, que permitia ao artesão fiar de uma só vez até oitenta fios, mas eram finos e quebradiços. A water frame de Richard Arkwright, movida a água, era econômica mas produzia fios grossos. Em 1779, S Samuel Crompton combinou as duas máquinas numa só, a mule, conseguindo fios finos e resistentes. Mas agora sobravam fios, desequilíbrio corrigido em 1785, quando Edmond Cartwright inventou o tear mecânico.
Cada problema surgido exigia nova invenção. Para mover o tear mecânico, era necessária uma energia motriz mais constante que a hidráulica, à base de rodas d’água. James Watt, aperfeiçoando a máquina a vapor, chegou à máquina de movi¬mento duplo, com biela e manivela, que transformava o movimento linear do pistão em movimento circular, adaptando-se ao tear.
Para aumentar a resistência das máquinas, a madeira das peças foi substituída por metal, o que estimulou o avanço da siderurgia. Nos Esta¬dos Unidos, Eli Whitney inventou o descaroça¬dor de algodão.

Revolução Social

A Revolução Industrial concentrou os trabalhadores em fábricas. O aspecto mais importante, que trouxe radical transformação no caráter do trabalho, foi esta separação: de um lado, capital e meios de produção (instalações, máquinas, matéria-prima); de outro, o trabalho. Os operários passaram a assalariados dos capitalistas (donos do capital).
Uma das primeiras manifestações da Revolução foi o desenvolvimento urbano. Londres chegou ao milhão de habitantes em 1800. O progresso deslocou-se para o norte; centros como Manchester abrigavam massas de trabalhadores, em condições miseráveis. Os artesãos, acostumados a controlar o ritmo de seu trabalho, agora tinham de submeter-se à disciplina da fábrica. Passaram a sofrer a concorrência de mulheres e crianças. Na indústria têxtil do algodão, as mulheres formavam mais de metade da massa trabalhadora. Crianças começavam a trabalhar aos 6 anos de idade. Não havia garantia contra acidente nem indenização ou pagamento de dias para-dos neste caso.
A mecanização desqualificava o trabalho, o que tendia a reduzir o salário. Havia freqüentes paradas da produção, provocando desemprego. Nas novas condições, caíam os rendimentos, contribuindo para reduzir a média de vida. Uns se entregavam ao alcoolismo. Outros se rebelavam contra as máquinas e as fábricas, destruídas em Lancaster (1769) e em Lancashire (1779). Proprietários e governo organizaram uma defesa militar para proteger as empresas.
A situação difícil dos camponeses e artesãos, ainda por cima estimulados por idéias vindas da Revolução Francesa, levou as classes dominantes a criar a Lei Speenhamland, que garantia subsistência mínima ao homem incapaz de se sustentar por não ter trabalho. Um imposto pago por toda a comunidade custeava tais despesas.
Havia mais organização entre os trabalhadores especializados, como os penteadores de lã. Inicialmente, eles se cotizavam para pagar o enterro de associados; a associação passou a ter caráter reivindicatório. Assim surgiram as tradeunions, os sindicatos. Gradativamente, conquistaram a proibição do trabalho infantil, a limitação do trabalho feminino, o direito de greve.

Bibliografia:
História Geral - Aquino, Denize e Oscar - Ed. Ao Livro Técnico
Toda a História - José Jobson Arruda - Ed. Ática
História - Luiz Koshiba - Ed. Atual

A GUERRA DOS CEM ANOS

A Guerra dos Cem Anos foi um longo conflito que envolveu a Inglaterra e França entre os séculos 14 e 15, período marcado por transformações socioeconômicas e políticas, que caracterizaram a crise do sistema feudal.

O grande crescimento populacional e das cidades, assim como o movimento das Cruzadas, foi responsável pela reativação da produção e do comércio, e deu uma nova dinâmica às sociedades européias. Do ponto de vista político, os reis fortaleceram e centralizaram o poder, refletindo os novos interesses que se desenvolviam, relacionados à formação de uma camada de mercadores e a adaptação da nobreza e de seus interesses.

Para os mercadores, as estruturas feudais representavam um obstáculo ao desenvolvimento, uma vez que a autonomia de cada feudo permitia que houvesse uma variação muito grande moedas, leis, exércitos, sistema de pesos e de medidas, dificultando a circulação de mercadorias. Por isso os grupos mercantis e, em particular os habitantes dos burgos, tenderam a apoiar a centralização do poder real, com o intuito de unificar os mercados. Apesar de pouco numerosos e considerados como um grupo marginal, os burgueses formavam uma camada nascente que acumulava capitais e contribuía financeiramente para o rei armar seus exércitos.

A formação das nações

O processo de centralização política pode ser percebido desde o século 12, de forma sutil, na medida em que os reis exigiam que seus vassalos se subordinassem a seus tribunais.
A formação das Monarquias nacionais é normalmente apresentada como um processo linear, ou seja, um processo político onde, gradualmente o rei aumenta seu poder ao longo do tempo e, ao contrário, a nobreza e o clero perdem poder e espaço político. Apesar dos grandes interesses em jogo, a centralização do poder real encontrou peculiaridades em cada região européias ou em cada nação em formação.

Na Península Ibérica, a formação dos reinos está diretamente vinculada a Guerra de Reconquista e mescla interesses feudais e comerciais. O condado portucalense, que deu origem ao Reino de Portugal, era inicialmente, uma possessão feudal, fruto das alianças entre grandes nobres durante a guerra. A independência de Portugal frente à Castela por sua vez, representou a quebra da vassalagem devida até então.

Durante a Baixa Idade Média, a Inglaterra viveu um processo contraditório em relação à disputa política. No início do século 13 a nobreza inglesa impôs ao rei João Sem Terra a "Magna Carta", documento que estabeleceu limites ao poder real, principalmente em relação às questões jurídicas, tributárias e que envolvessem a guerra; desde 1215 o rei deveria consultar um "Conselho de Nobres" para tomar decisões sobre essas questões. Se por um lado o poder real ficou limitado, por outro foi reconhecido e legitimado, ao mesmo tempo em que possibilitou que as relações entre o rei e a nobreza se tornassem mais equilibradas, garantindo ao rei maior prestígio e subordinação por parte dos súditos, responsáveis por fornecer ao rei os recursos matérias necessários para as guerras. Nesse sentido os exércitos ingleses, formados pelos homens cedidos pelos grandes barões e comandados pelos mesmos, podiam ser considerados mais organizados e disciplinados. Gradualmente o poder real se fortaleceu.

Na França a situação era diferente, a centralização política aparentemente caminhava a passos largos, a vitória de Luis 8º sobre João Sem Terra e a política tributária centralizadora de Felipe, o belo, fizeram com que o poder real fosse reforçado.


Os Atritos

Vários fatores determinaram o aumento de hostilidades entre Inglaterra e França, num primeiro momento, interesses que envolviam os reis e importantes setores da nobreza. No século 12, o rei Henrique II da Inglaterra se casou com Leonor da Aquitânia e, segundo as tradições feudais, tornou-se vassalo do rei da França nos ducados da Guyenna e Gasconha. Desde então as relações entre os reis da Inglaterra e França foram marcadas por conflitos políticos e militares. No entanto, durante esse período não podemos pensar uma guerra entre nações ou países. Mesmo mais tarde, no século 15, durante o famoso episódio que envolveu Joana Dáarc, é muito difícil tratar de nação e portanto de nacionalismo. Os conflitos do período muitas vezes tiveram nobres ingleses aliados ao rei da França, em outras ocasiões a situação é inversa.

O próprio Henrique 2º foi vitima de uma conspiração que envolveu seus dois filhos, Ricardo, o coração de leão e João, sem terra, que para destronar o pai se aliaram ao rei da França Filipe Augusto. As disputas envolvendo os dois reinos pelo trono da Inglaterra também servem para demonstrar que a luta pelo poder não tem nacionalidade. A rebelião dos barões ingleses em 1215que deu origem a Magna Carta atesta essa situação mais uma vez. Os ingleses perderam suas possessões em França.

Outro ponto de atrito entre as duas monarquias era a região de Flandres, rido entreposto comercial, situado a nordeste da França, a qual estava subordinado politicamente. Além do intenso comércio estabelecido na região, Flandres era importante centro produtor de tecidos, que consumia grande parte da lã produzida pela Inglaterra. Essa camada urbana vinculada à produção de tecidos e ao comércio posicionava-se a favor dos interesses ingleses e portanto, contra a ingerência política francesa na região.

No entanto, a situação tornou-se verdadeiramente crítica quando o Conde de Nevers, regente de Flandres desde 1322, prestou juramento de obediência ao seu suserano Filipe de Valois, decisão que poderia paralisar a economia flamenga, pois, com a morte do terceiro e último filho de Filipe IV, o Belo (Carlos IV, 1328), o trono da França passou para um de seus sobrinhos, justamente Filipe de Valois, que adotou o nome de Filipe VI (1328 a 1350). Instigado por Jacques Artervelde, rico mercador que já havia liderado uma rebelião na cidade flamenga de Gand, o rei da Inglaterra Eduardo III (1327 a 1377) reclamou para si a coroa francesa, alegando sua condição de neto (pelo lado materno) de Filipe, o Belo.


A Guerra

Os franceses acusavam os ingleses de desenvolverem uma política expansionista, percebida pelos interesses na Guyenne e em Flandres. Já os ingleses insistiam em seus legítimos direitos políticos e territoriais na França.

Em 1337 Felipe VI, de Valois, rei da França, atacou a Guyenne iniciando o conflito que duraria décadas e diversas gerações. Além disso exerceu intenso assédio ao litoral inglês durante meses, até ser derrotado em 1340.

Durante o reinado desses dois reis, as Batalhas de Crécy e de Calais, em 1346 e 1347 respectivamente, foram as mais importantes, ambas com vitórias inglesas, que garantiram a Eduardo III importantes posições no norte do país, mantendo o Canal da Mancha sob seu controle. Para tanto o rei da Inglaterra contou com o apoio financeiro de grandes mercadores de Flandres e do duque da Bretanha, que voltou-se contra o monarca francês. O avanço e a conquista inglesa só não forma maiores porque os dois países, como a maior parte da Europa, estavam sendo duramente atingidos pela peste negra, que foi responsável por interromper a guerra.

O período seguinte da guerra foi comandado por Eduardo IV da Inglaterra, conhecido como "o príncipe negro" (por conta da cor de sua armadura), e por João II, conhecido como "o bom", que sucedera ao pai no comando do reino francês. Esse período foi caracterizado por sucessivas vitórias inglesas, contando com o apoio de muitos nobres locais, mais preocupados em preservar seus domínios do que com a lealdade devida ao rei da França, possibilitando o domínio de cerca de um terço do território francês nas regiões norte e oeste, Em 1356, quando da batalha de Poitiers, o rei João II foi capturado e levado como prisioneiro para a Inglaterra, onde morreria oito anos depois, momento que representou o ápice das conquistas inglesas e, pelo contrário, o momento mais delicado para a França na guerra, forçando-a a assinar o Tratado de Brétigny (1360) que reconhecia o domínio inglês sobre as regiões conquistadas e devolvia os territórios tomados no início do conflito.

Após a morte de João II, o bom, o reino francês foi comandado por seu filho, Carlos V que enfrentou sucessivas revoltas camponesas, as mais famosas conhecidas como "Jacqueries", e também urbanas. O rei não reconheceu os acordos anteriores e de 1360 a 1380 obteve vitórias significativas sobre os ingleses retomando grande parte do território perdido. As vitórias desse rei, fruto da reorganização militar, fortaleceram a idéia de centralização política, possibilitou submeter a maior parte da nobreza, aumentar a arrecadação tributária e organizar o Estado com elementos oriundos da burguesia em cargos de confiança.

As últimas décadas do século 14 e as décadas iniciais do século seguinte foram marcadas pelas disputas internas nos dois países, arrefecendo momentaneamente a guerra externa. No caso da Inglaterra ocorreram rebeliões camponesas lideradas por Wat Tyler, contra a servidão e posteriormente as disputas envolveram parte da nobreza, que lutou contra o rei, e culminou com a ascensão de Henrique de Lancaster ao trono em 1399, com o título de Henrique IV. Na França as lutas internas foram mais complexas e envolveram os interesses da região da Borgonha, antigo feudo poderoso, que lutou constantemente por seus interesses particulares. Em Considerando Carlos VI como incapaz, os Borguinhões pretenderam tomar o poder e aliaram-se aos ingleses. Ao lado da família real ficaram o irmão do rei, Luis de Orléans e Bernardo de Armagnac. Nesta guerra civil, destacaram-se João sem medo de Borgonha e o Delfim Carlos, que mesmo deserdado pelo pai manteve a liderança das tropas francesas contra os ingleses e mais tarde assumiria o trono como Carlos VII (1422).

Os conflitos forma retomados desde 1413 por Henrique V, que sucedera o pai e procurou se aproveitar da guerra interna à França. A Batalha de Azincourt em 1415 representa o grande momento da nova ascensão inglesa que, vitoriosa, impôs o Tratado de Troyes, em 1420, aos franceses, que garantia a Inglaterra todo o norte do país, inclusive Paris e, o mais grave, destituía o Delfim Carlos, colocando-se Henrique V da Inglaterra como sucessor do trono francês. Para consolidar tal acordo, Henrique casou-se com Catarina, filha do rei Carlos VI, e portanto irmã do Delfim.

Em 1422 os reis dos dois países morreram. Henrique V da Inglaterra e Carlos VI da França. Oficialmente o trono era herdado por Henrique VI, criança recém nascida, enquanto o Delfim Carlos viria a ser coroado apenas em 1429, em Reims, num momento onde a guerra tomou novo rumo, em grande parte atribuído a figura de Joana Dáarc, camponesa que liderou tropas do sul da França em apoio ao rei.

A figura de Joana Dáarc tornou-se um mito e ainda hoje e tratada dessa maneira pela historiografia predominante. Destaca-se o aspecto religioso nesse processo de mitificação, tanto pelo fato de "ter tido visões" que a levaram a participar da guerra, ou ainda pelo fato de ser transformada em "heroína nacional", numa época em que é praticamente impossível falar em nacionalismo



terça-feira, 23 de junho de 2009

Maranhão - Colônia

Ano de 1500 – 22 de abril – Descobrimento do Brasil
Assunto polêmico, que ainda hoje divide opiniões: acaso ou conhecimento prévio da existência de terras para o ocidente? Pedro Álvares Cabral não mantinha ciosamente guardado o manuscrito que lhe dera Vasco da Gama, em Lisboa, e não ouvira dele o conselho para que navegasse mais para oeste e escapasse das calmarias do golfo da Guiné? E Cristóvão Colombo já não indicara o caminho, descobrira a América, embora pensando ter chegado às Índias? Há, portanto, justificadas razões de suspeitas, reforçadas pelas velhas lendas da existência da Atlântida, e de uma ilha misteriosa em meio do oceano, chamada Hy-Brasail. Por outro lado, havia o interesse de tomar posse das terras que couberam a Portugal no “testamento de Adão” (que era como Francisco I, de França, chamava ironicamente o Tratado de Tordesilhas, de 1494), que dividia o mundo entre Portugal e Espanha. Assim, a 22 de abril de 1500, capitão e tripulantes da esquadra de Pedro Álvares Cabral, depois de 15 dias de viagem, pois partira de Lisboa a 8 de março, avistaram um monte muito alto e redondo, a que deram o nome de Monte Pascoal. O Brasil havia sido “descoberto”. Descobriu-se o já sabido; Cabral voltou a Portugal e deu seu recado ensaiado: - Terra à vista! Vera Cruz! Santa Cruz! Brasil!
Ano de 1534 – Donatarias ou Capitanias hereditárias e a cidade de Nazaré
Durante três décadas ficou ela esquecida, empenhado o rei D. Manuel I em dilatar suas conquistas no Oriente. Seu antecessor, D. João II, compreendeu a urgência de promover a colonização, visto que seria perigoso deixar o desguarnecido Brasil à cobiça de Holandeses, Franceses, Ingleses e Espanhois. Dividiu o território em 12 capitanias hereditárias, confiando as do norte (as que aqui nos interessam) a João de Barros e Fernando Álvares de Andrade que, associando-se a Aires da Cunha, intentaram apossar-se dela, sem resultado. Eram lotes enormes, de cerca de 350 km de largura, até à linha estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas, interior a dentro. “Dez anos depois de criadas, as desordens internas, as lutas com os índios e a ameaçadora presença dos franceses acabaram provocando o colapso do sistema que o rei e seus conselheiros haviam optado por aplicar ao Brasil” (Eduardo Bueno, “Capitães do Brasil”)
A capitania de João de Barros (intelectual, autor da “História da Índia” e“Décadas da Ásia”) não foi adiante; na primeira tentativa toda a frota de 10 navios, segundo a História, perdeu-se nos baixios do Boqueirão, defronte da ilha do Medo. Contrariando essa versão, ficou-nos a notícia da existência de uma cidade, chamada Nazaré, fundada pelos sobreviventes do naufrágio, gente “que logo contraiu amizade com seus tapuias seus habitadores, assim refere o chantre da Sé de Évora, Manuel Severino de Faria, e o comprova Antônio Galvão, nos seus “Descobrimentos do Mundo, no ano de 1531”, segundo José de Sousa Gaioso, em “Compêndio Histórico-político dos Princípios da Lavoura do Maranhão”. Quanto à Nazaré, se de facto existiu, não vingou; Bernardo Pereira de Berredo, nos “Anais Históricos do Estado do Maranhão”, estranha que, decorridos apenas oitenta anos, a expedição de Jerônimo de Albuquerque não haja encontrado vestígios desse sítio, o que não impede que estudiosos do assunto afirmem ainda ser verídica sua existência, esposando a tese de ter São Luís origem lusa e não francesa.
O segundo donatário do Maranhão, Luis de Melo e Silva, não foi mais feliz e, enquanto isso, os franceses, ingleses e holandeses estabeleciam nas costas abandonadas suas feitorias para o negócio do pau-brasil, âmbar etc., com os índios.
Ano de 1549 – Governo Geral do Brasil
É implantado o Governo Geral do Brasil e nomeado para exercê-lo Tomé de Sousa, que funda a cidade de Salvador. O regime que vigorou até 1640, quando o Brasil foi elevado à categoria de vice-reino.
Ano de 1565 – Expulsão dos franceses do Rio de Janeiro
O governador-geral Mem de Sá (1557-1572), envia o seu sobrinho Estácio de Sá para expulsar os franceses de Nicolas Durand de Villegagnon da baía de Guanabara.
Ano de 1612 – 8 de setembro – Fundação da França Equinocial
Desde 1594 Jacques Riffault estabelecera em Upaon-açu (ilha de São Luís) uma feitoria, deixando-a a cargo de seu compatriota Charles dês Vaux, que havia conquistado a amizade dos silvícolas, e tinha inclusive o domínio da língua nativa. Dês Vaux, indo à França, provocou a vinda de Daniel de La Touche, mandado por Henrique IV numa viagem de reconhecimento do terreno. Não obstante ter sido o rei assassinado nesse meio-tempo, e entusiasmado La Touche com a terra, conseguiu com Maria de Medicis, regente na menoridade de Luís XIII, concessão para estabelecer uma colônia ao sul do Equador, 50 léguas para cada lado do forte a ser construído.
Ano de 1612 -A 26 de julho chega ao Maranhão a expedição de Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardiére, fundeando em Upaon-mirim (futura ilha deSaint’Ánne, e depois, Trindade, onde os sobreviventes do naufrágio de Aires da Cunha teriam fundado a cidade de Nazaré).
12 de agosto - Tendo os franceses passado à Ilha-grande, foi rezada a primeira missa e erguida uma cruz.
8 de setembro - Solenemente, fundaram a colônia, a França Equinocial, com a colaboração espontânea dos índios, tendo à frente o cacique Japiaçu e iniciaram a construção do forte, chamado de São Luís, em honra ao rei-menino, o qual “posto que feito de estacadas é forte por arte de grandes terraplenos, com seus baluartes altos e casamatas com fosso de quarenta palmos de largo e dez de alto. (Alexandre de Moura, “Relatório” de 1616).
Haviam-se associado à empresa o rico Barão de Molle e Gros-Bois, Senhor de Sancy e François de Rasilly, Senhor de Aunelles e Rasilly, que financiaram a armação das naus “Regente” e “Charlotte” e o patacho “Saint'Anne”.
-Integraram a expedição os padres franciscanos Yves d’Evreux, Claude d'Abbeville, Arsene de Paris e Ambroise d’Amiens, dando início ao culto católico, muito embora fosse La Ravardiére protestante, e à decantada catequese dos indígenas que alcançaria seu paroxismo com os Jesuítas que, a serviço do poder real, apoiaria a escravidão e, assassinando não só o corpo, mas a própria alma dos índios, implantaria o catolicismo hipócrita do crê ou morre.
1º. de novembro – Ao lado da cruz colocaram as Armas da França e, diante de todos, franceses e índios, especialmente convocados de todas as aldeias, juraram fidelidade à Sua Majestade Cristianíssima, o Rei, dando-se à colônia recém-fundada uma constituição, a segunda do Brasil (Regimento dado a Tomé de Sousa, em 1549, quando da implantação do Governo Geral) e a primeira do Maranhão
Ano de 1613 – 16 de abril – A Colônia francesa
Segundo a maioria dos historiadores, coube aos franceses a primazia da colonização do Maranhão, pois seu comércio, posto que incipiente, foi além dos produtos da indústria extrativa do pau-brasil e do âmbar, com o cultivo do algodão e do fumo, além da descoberta de minas de ouro, prata e enxofre. Por outro lado, foi essa ocupação do território que abriu os olhos à Coroa para a necessidade de promover a efetiva posse da Capitania, até então desprezada.
-Chegam ao Maranhão, com Du Pratz, 300 pessoas, oficiais de todos os ofícios mecânicos (carpinteiros, alvanéis (pedreiros), tecelões, fundidores, serralheiros, canteiros, sapateiros, alfaiates), inclusive gentis-homens, além dos astrólogos De Faus e Janet, e 10 capuchinhos, sob as ordens de frei Arcângelo de Pembroch.
Data dessa época a construção dos fortes de Itapari, Sardinha e Cahur, o Des Cahors dos franceses, o nosso muito familiar Caúra, defronte de Ribamar.
-26 de outubro – Chegada dos portugueses
Jerônimo de Albuquerque e Diogo de Campos chegam a Guaxenduba, próximo da foz do rio Munim e dão início à construção do forte de Santa Maria.
- 28 de outubro – É rezada a primeira missa pelos portugueses, os padres Miguel Gomes e Diogo Nunes, vindos com Albuquerque na “Jornada Milagrosa”. Foram os primeiros religiosos portugueses a por os pés no Maranhão, muito embora seja provável a chegada de outros padres nas expedições de João de Barros/Aires da Cunha e a de Luís de Melo e Silva, como era de praxe. No entanto foi daqueles que a História fez registro.
19 de novembro – Batalha de Guaxenduba.
300 franceses e 2.000 índios, sob o comendo do próprio La Ravardiére, entrincheiram-se no outeiro defronte do forte lusitano. Jerônimo de Albuquerque divide suas forças em duas colunas, cada uma com 70 soldados e 40 índios, assumindo o comando de uma, enquanto Diogo de Campos e Antônio de Albuquerque (filho de Jerônimo) acometia os franceses, na praia. Apesar da inferioridade numérica, obtiveram os portugueses retumbante vitória; romperam-se as linhas gaulesas com o ataque de Diogo de Campos e a debandada foi geral. Quando os silvícolas, sob o comando do capitão Madeira, atacaram, os franceses perderam seu comandante Du Pezieux e mais de 100 combatentes, abatidos na luta, ou afogados na fuga, ou devorados pelos tubarões. Os cronistas portugueses dão apenas 10 mortos e 30 feridos como baixas, e entre os últimos, Antônio de Albuquerque, Estevão de Campos e Belchior Rangel.
Sobre a vitória portuguesa criou-se a lenda do Milagre de Guaxenduba, que o padre José de Morais assim descreve: “Foi fama constante (e ainda hoje se conserva por tradição) que a Virgem Senhora fora vista entre os nossos batalhões, animando os soldados em todo o tempo de combate”; e Humberto de Campos imortalizou no magnífico soneto “O Milagre de Guaxenduba”.
27 de novembro – Tratado de trégua
Concordaram os adversários em suspender hostilidades e enviar representantes dos dois lados à Europa, submetendo o litígio à decisão dos governantes de seus países, devendo o vencido retirar-se do Estado dentro de dois meses.
24 de dezembro – Inauguração do Convento de São Francisco (Abbeville)
Ano de 1614 – 1o. de novembro – Expulsão dos franceses
Alexandre de Moura, à frente de uma expedição de 600 soldados, mandou Albuquerque tomar o forte de São Luís. Jerônimo, com tal reforço de tropas, falando ao trato do armistício, deu a La Ravardiére o ultimato de evacuar a ilha, dentro de cinco meses.
Ano de 1615 -31 de setembro – Rendição dos franceses
-200 franceses entregam, sem luta, o forte de São Luís. Há indícios de que La Ravardiére, reagindo ao abandono que lhe votou o governo francês, haja negociado, por 2.000 cruzados, a entrega do sonho da França Equinocial aos portugueses. São dúvidas que permanecem na História.
Ano de 1616 – 9 de janeiro – Primeiro capitão-mor do Maranhão
Assume o governo da colônia Jerônimo de Albuquerque Maranhão (como passou a assinar) com o título de capitão-mor da Conquista, retirando-se Alexandre de Moura. São nomeados: Ouvidor e Auditor Geral, Luís Madureira; Sargento-mor,. Baltazar Álvares Pestana; Capitão do mar, Salvador de Melo; Capitão das entradas, Bento Maciel Parente; Capitão de Cumã, Martin Soares Moreno; Ambrósio Soares, Comandante do forte de São Felipe (o forte de São Luís teve o nome mudado para de São Felipe, em honra a Felipe II de Espanha, a cujo reino estava sujeito Portugal, a partir de 1580, com a derrota do exército lusitano do prior do Crato, D. Antônio); Álvaro da Câmara, Comandante do forte de São Francisco e Antônio de Albuquerque, do forte de Itapari.
O Capitão-mor tratou da remodelação do forte principal, de acordo com a planta do Engenheiro-mor do Brasil, capitão Francisco Frias de Mesquita, bem como da disposição das ruas, segundo o plano do mesmo engenheiro, e outras providências, inclusive a construção da residência dos governadores. Daí a discussão acadêmica acerca da cidade de São Luís, para alguns, fundada pelos portugueses e não pelos franceses. Minúcias de especialistas.
Iniciou-se assim, com Jerônimo de Albuquerque, o governo dos Capitães-mor, que se estendeu até 1824, com a nomeação de Miguel Inácio dos Santos Freire e Bruce, primeiro presidente constitucional da Província do Maranhão, já no Brasil independente. -Bento Maciel sobe o rio Pindaré à procura de minas, sem resultado, e aproveita a viagem para mover guerra aos guajajaras.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Buriticupu - MA - BRASÃO


Buriticupu - MA - Bandeira


Hino de Buriticupu

Hino Municipal de Buriticupu – MA

Letra e música:
Tereza Rodrigues Braga

Adiante Buriticupu,
Viva a memória do que aconteceu,
Em honra da instauração,
Pelo grande talento dos defensores teus.

Tua caminhada realizou na história,
Liberdade e glória pelos filhos lutadores,
Com o progresso da Nação
Devemos gratidão aos teus instituidores.

REFRÃO

Cidade amada, abençoada,
Terra adorada por ti sentimos paixão.
Tu és o fruto da experiência,
O teu principio foi a colonização.

Gente intemente que luta com vigor,
Animo e fervor, para vê – te florir,
No labor seguro da população
Tem intensidade pra te fazer progredir.


Da resistência nasceu tua glória,
Brilha como aurora, berço amigo de heróis,
Fecundador de amor verdadeiro,
Município altaneiro, teu protetor somos nós.

És uma estrela que no Nordeste brilhou,
Intenso resplendor aqui no Maranhão,
Da Amazônia é porta principal,
Seio de liberdade és minha terra Natal!

Honras e glória, lutas entrelaçadas,
Reinou a paz humorada, agraciada foste tu.
Somos guerreiros marchando em fileiras,
És Nação Brasileira, avante Buriticupu!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

LIVRO: SOCIEDADE EM CONSTRUÇÃO HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA


Dois livros em um só volume contemplarão o conteúdo programático da disciplina obrigatória História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena, para ensino fundamental e médio.

É um material didático que contempla integralmente a Lei 11.645, em vigor desde março de 2008, que obriga a inclusão de História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena como disciplina no currículo oficial das redes pública e particular de ensino. Trata-se de dois livros em um só volume. Sociedade em Construção/História e Cultura Afro-Brasileira/O negro na formação da Sociedade Brasileira é um dos livros, e Sociedade em Construção/ História e Cultura Indígena Brasileira/ O índio na formação da Sociedade Brasileira é o outro. Ambos são de autoria do jornalista e sociólogo J. A. Tiradentes, em parceria com a mestre em Educação pela USP, Denise Rampazzo da Silva.

A nova disciplina deverá ser ministrada em especial nas áreas de Educação Artística, Literatura e História, no ensino fundamental e médio, como foi estabelecido. "Nós escrevemos com a lei à nossa frente e sob consulta o tempo todo", disse Tiradentes. Segundo ele, os livros atendem a uma reivindicação do ex-ministro da Cultura Gilberto Gil. "Gil dizia que só a Fundação Palmares havia se preocupado em produzir conteúdos sobre o tema, tanto que o nosso livro tem o aval de Zulu Araújo, presidente da Fundação Cultural Palmares, do Ministério da Cultura", afirmou.

De acordo com a editora Direção Cultural, que comprou os direitos dos autores e é a responsável pela impressão e distribuição, a proposta de confeccionar dois livros em um único volume leva em consideração a redução do preço final, de armazenamento e de transporte, cuja economia permite vender dois livros pelo preço de um. Para Tiradentes, esse formato beneficia o planeta duplamente: primeiro, porque economiza milhares de árvores para a impressão de dois livros num só exemplar, já que reduz a quantidade de papel na capa. Em segundo lugar, porque o livro é impresso com papel reciclado.

Dividida em 14 capítulos a edição segue rigorosamente o que estabelece a lei, quanto ao conteúdo programático. Eles tratam dos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira a partir dos dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil. Também resgata a contribuição das etnias nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.

A capacitação dos professores é feita por meio de recurso digital. Ou seja, através do método EAD - Ensino a Distância, tendo em vista a parceria firmada entre o editor e o Instituto de Tecnologia, Pesquisa, Gestão e Educação Virtual do Brasil (ITGVBR), que tem como associadas algumas das mais tradicionais instituições de ensino a distância do Brasil. Consulte o site www.livroafrobrasileiro.com.br para outras informações.

Conteúdo

A parte afro-brasileira do volume tem 114 páginas e a indígena 71 páginas. A primeira é composta de oito capítulos e aborda temas como: O Continente Africano; A história da África e dos africanos; O contato entre o europeu e o africano e a chegada do negro ao Brasil; Escravidão no Brasil: formas e tipos diversos; A luta dos negros no Brasil, uma história de resistências; Abolicionismo, a luta pela liberdade; A cultura negra e a sua influência no Brasil e O negro na formação da sociedade nacional.

Vinte dos principais grandes personagens afro-descendentes brasileiros são destacados nesta parte. Já o livro sobre os povos indígenas brasileiros está dividido em seis capítulos: A presença do homem no continente americano; O contato entre os europeus e os indígenas; Escambo e escravidão nos primeiros anos de colonização; Os índios do Brasil; A cultura indígena e a sua influência na formação da sociedade nacional e As contribuições dos povos indígenas ao Brasil e ao mundo.