sábado, 28 de maio de 2011

quinta-feira, 26 de maio de 2011

BURITICUPU - Sua história, geografia e características gerais.

Capítulo I – A CHEGADA DOS ÍNDIOS

Antes de nossa região possuir o nome atual e mesmo antes de se ter concebido a idéia de implantar um projeto de colonização, a região já era habitada por tribos indígenas.
Foi no ano de 1941 que chegaram os índios Guajajaras, os quais foram habitar uma região à beira do rio Zutiua. Parte da tribo permaneceu de um lado do rio; a outra, porém, atravessou o rio, instalando suas habitações no local que mais tarde viria a se transformar no município de Arame.
Esses índios foram trazidos pelo extinto SPI (Serviço de Proteção ao Índio), procedentes de vários municípios maranhenses, principalmente de Barra do Corda, Grajaú, Vitória do Mearim, Ararí, Santa Inês e Santa Luzia, sendo que todos gostaram da terra que acabaram de conquistar.

Uma surpresa

Ao chegar à região, os Guajajaras viram o que jamais imaginaram: outros índios já habitavam a região. Tratava-se de índios primitivos das tribos Tupi-Guarani e Guajá, que haviam fugido do litoral maranhense para o interior do Estado, aproximadamente no ano de 1650. Naquela época, os portugueses desrespeitavam a vida comunitária dos povos indígenas que viviam em qualquer parte do Brasil e, no Maranhão, não era diferente. Os colonizadores entravam nas aldeias, roubavam, destruíam as roças dos nativos e, pelo chicote, obrigavam-nos ao trabalho escravo. Essa situação era tão dura que muitos morriam de doenças ou de tristeza e desgosto.
Sem outros refúgios, esses primitivos, depois de longas caminhadas, chegaram à essa região pré-amazônica, onde escolheram a citada área, por ter grandes reservas florestais. O certo é que até hoje alguns índios continuam morando em nosso município. Isolados de tudo, eles vivem nas matas que fazem divisa com o município de Amarante (MA). Trata-se de um grupo formado por aproximadamente 35 pessoas que não têm contato algum com brancos. Sobrevivem normalmente da caça e da pesca, coletam frutos, plantas e mel silvestre e não têm o hábito de fumar. Suas habitações são coletivas, feitas de madeira e cobertas de folhas, de forma bastante provisória, pois são nômades, deslocando-se freqüentemente em busca de alimentos, e, ao mesmo tempo fugindo dos madeireiros. Quando possível, escolhem locais próximos de água, e de difícil acesso, sempre orientados pelo seu cacique.
O Dr. Kilmer Freitas Costa, homem de relevantes serviços prestados durante o período da colonização como superintendente da COMARCO, conta que, na época da implantação do projeto de colonização, no ano de 1973, aconteceram vários fatos estranhos, por ocasião das construções das estradas vicinais da colônia. Seus depoimentos dão conta de que, por várias vezes, quando os tratoristas iam apanhar as suas máquinas, que haviam pernoitado no local do trabalho, encontravam-nas totalmente amarradas de cipós, inclusive com os cipós mais resistentes encontrados naquelas imensas florestas. Parece que a intenção dos autores desse feito era mesmo deter aquelas barulhentas e pesadas máquinas que haviam feito um incômodo barulho durante o dia todo.
Diante das inúmeras ocorrências noturnas, às vezes em locais distantes de qualquer lugarejo, supõe-se que os autores dessas façanhas eram os índios da tribo Tupi-Guarani. Irritados e talvez amedrontados com aquelas máquinas, esses índios tratavam os tratores como animais barulhentos e ferozes, que representavam para eles uma forte ameaça e que só à noite, enquanto dormiam, podiam ser dominados. O que corrobora a hipótese de que eram mesmo os índios Tupis-Guaranis que amarravam os tratores é o fato de insistentemente amarrarem aqueles enormes tratores com tantos e complicados nós, mesmo em noites chuvosas e frias. Na verdade, somente pessoas de outra cultura podiam chegar a tal ponto.

Esses índios primitivos em extinção já foram vistos várias vezes por vaqueiros, caçadores e madeireiros, bem como por índios Guajajaras. Por último, por volta das 10h do dia 14 de agosto de 2003, os senhores Adão Pires da Silva e Raimundo Barroso viram não apenas alguns vestígios deixados pelos Guajás como também avistaram alguns deles próprios. Segundo depoimentos daqueles madeireiros, que rapidamente fugiram da reserva, aqueles aborígines de longos cabelos assoviavam iguais a macacos, na intenção de se aproximarem e, em seguida, atacarem os estranhos visitantes brancos. Ao fugirem, aqueles dois exploradores ainda conseguiram ver um bebê, recém-nascido colocado no chão sobre folhagens. Sabe-se também que os Guajás tem grande capacidade de defesa, são: velozes, altos, sabem como ninguém, imitar animais selvagens-, inclusive onças. Quando se vêem em perigos, dão esturros ameaçadores, como se fossem onças, inibindo de vez, todo e qualquer estranho que estejam por perto. O indígena Arão Guajajara, residente na Terra Indígena Araribóia, também já viu vestígios dos primitivos. Em janeiro de 2005, durante suas andanças naquelas florestas, Arão levou um susto ao ver à beira de uma lagoa, enormes pegadas, pelo tamanho, Arão acredita que se trata mesmo de índios primitivos da tribo Guajá.
Um fato curioso, que muito chama a atenção, é que os índios da tribo Guajajara temem e fogem ao verem os índios primitivos. Embora sabendo de sua existência, a FUNAI não tem nenhum controle sobre os primitivos. A existência de índios primitivos em nossa região é confirmada também no livro de Geografia do Brasil da Coleção Horizontes (5ª série), onde se observa o mapa de sua distribuição no território do país.

Os Guajajaras

A tribo dos Guajajaras ou Thenetatha se divide em várias aldeias, como: Lago Branco, Barro Branco, Angico Torto, Betel, Jacu e Marajá. Eles falam a língua tupi e a língua portuguesa, suas terras compreendem uma área de 413.000ha, sendo chamada de Araribóia. Dentre as aldeias, a mais antiga é a Tiririca, fundada em 1941 e cujo líder maior é o velho cacique Felipe Soares Guajajara. Sua alimentação consiste de produtos da caça e da pesca, frutas e legumes. A terra dos índios Guajajaras possui uma lagoa com aproximadamente 18km de extensão, chamada de Lagoa Cumprida. Eles se vestem como os brancos e usam canoas para pesca e lazer.

fonte: livro 2ª edição - Buriticupu - Sua história, geografia e características gerais. Do antigo projeto de colonização ao progressista município maranhense
ISAÍAS NERES AGUIAR
Imperatriz – MA
2005

Um caso na história de Buriticupu - MA

O caso “Fogoió”

Havia, entre os colonos, um homem de nome Antônio, mais tarde conhecido por “Fogoió”. Não era colono e havia chegado na colônia havia pouco tempo. Além disso, era um sujeito estranho, tinha aproximadamente 25 anos de idade e era casado com a Srª Raimunda Matos. “Fogoió” ficou conhecido por todos os colonos por ser um homem bastante corajoso e de confusões misteriosas – ele entrava em cada enrascada! “Antonio Fogoió” acabou conquistando a amizade e a confiança dos colonos, os quais, tratava-o como fiel escudeiro.
Certo dia, “Fogoió”, segundo seus próprios relatos, teria recebido uma proposta do Delegado “Furrupa” para matar Sebastião Alvino “Seba”, delegado do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da localidade, com quem o delegado havia tido um desentendimento. “Fogoió” não aceitou e logo tratou de se reunir com o Sindicato, onde contou tudo sobre os planos de “Furrupa”. E ainda foi além: garantiu a todos que teria coragem de provar tudo na frente do temido delegado.
A reação de Furrupa e um grande duelo
Em pouco tempo, “Furrupa” já sabia de tudo o que havia acontecido na reunião do Sindicato. Sabia, inclusive, do desafio feito por “Fogoió”. “Furrupa” se irritou bastante e não pensou duas vezes: determinou a prisão de “Fogoió”.
Coube ao 3º Sargento / PM Fernandes a missão de prender o polêmico “Fogoió”, com quem tinha uma estreita amizade. Aproveitando da amizade que tinha com “Fogoió”, o militar garantiu a este que iria apenas tomar um leve depoimento e, em seguida, liberá-lo. O Sargento Fernandes conseguiu facilmente persuadi-lo a aceitar a proposta, em seguida o prendeu e o encaminhou até o restaurante da COMARCO, onde, num de seus compartimentos, o deixou preso, sem sequer ouvi-lo.
A fuga
Não demorou muito, “Fogoió” estava solto – havia quebrado o local onde estava preso e escapado sem ser visto. Foi até sua residência, armou-se de uma faca e, trajando bermudas, procurou localizar o Sargento Fernandes. Bastante revoltado e disposto a brigar, conseguiu encontrá-lo, logo o chamando de covarde e convidando-o para briga. As provocações foram tantas e tamanhas a ponto de “Fogoió” desafiar o Sargento a sacar seu revólver para ver quem morreria primeiro. Quem presenciou o caso afirma que o Sargento Fernandes foi literalmente humilhado e, de tanto medo, chegou a chorar.
Para concluir a sessão do dia, “Fogoió” declarou que contaria “tudo o que sabia”. Ele se referia, possivelmente, às arbitrariedades daquele policial. Depois de tudo, pediu ao Sargento Fernandes que chamasse o seu superior, Sargento “Furrupa”.
O encontro de Furrupa com Fogoió
Ainda acreditando na possibilidade de contornar a situação, o Sargento “Furrupa” marcou um encontro com “Fogoió” na residência de um colono chamado Nizário, onde seria feito um acordo para acabar com a questão. “Fogoió” atendeu ao convite: foi até a casa do colono Nizário. No entanto, quem de longe avistou “Fogoió”, logo percebeu que ele não vinha com jeito de quem queria acordo, pois não trajava roupas adequadas para atender ao chamado de um delegado: vinha de bermudas, sem camisa e portando uma faca. “Fogoió” entrou na casa de Nizário e não permitiu sequer que “Furrupa” abrisse a boca. Muito desajeitado, “Furrupa” sofrera a mesma sensação do seu colega Fernandes, que o estava acompanhando: os dois militares tremiam ao verem “Fogoió” ameaçá-los, brandindo sua faca na direção deles, insistindo em pedir que os policiais sacassem suas armas. Os policiais conseguiram sair da casa e retornaram ao local do presídio.
“Fogoió” em apuros
O Delegado não desistiu: foi até ao presídio, reuniu-se com sua equipe de policiais formada pelo Sargento Fernandes, pelos Cabos Oliveira, Jorge e Baião e pelos Soldados Canuto, Sousa, Potim e outros. Juntos, eles montaram um novo plano para prender “Fogoió”. Tudo pronto, homens em ação!
A polícia não imaginava que “Fogoió” estivesse em sua casa, sem a menor preocupação. Quando soube que a polícia estava à sua procura, respondeu: “Estou em minha casa esperando por eles”. Sua casa era humilde, feita de barro, com portas de madeira e coberta de cavacos, localizada à Rua da Liberdade.
A equipe do delegado, formada por oito homens, chegou à casa de “Fogoió”. Este, ao ouvir o barulho da C10 vermelha da COMARCO, entrou em sua casa, subiu numa parede frontal e, com uma espingarda de cartucho, posicionou-se estrategicamente à espera da polícia. Sua casa foi cercada, ouviu voz de prisão, mas resistiu. Repetidas vezes ouviu a expressão “têje preso”. Mas nada do “Fogoió” se entregar.
O Sargento gritou: “Entregue-se ou morra”. “Fogoió” não tinha para onde fugir e nem pensava na hipótese de se render. Então, desta vez quem bradou foi ele, dizendo: “Vocês têm armas poderosas, eu destranquei a porta, entrem! Atirem em mim, a porta está aberta”. Na verdade, ele havia destrancado a porta, mas a polícia não acreditava no que via e ouvia, passava por uma situação jamais imaginada. Foram 90 minutos de tensão: os moradores formavam uma grande multidão nas proximidades do cerco policial, todos obviamente assustados com o problema. Para evitar uma tragédia, alguns colonos entraram em ação, intermediando uma negociação entre as partes. Os colonos Nizário, Abdias, Chico Gabriel, Branco, Chico, Raimundo Barbalho, José Barbalho e outros pediram ao Sargento “Furrupa” que retirasse sua tropa, pois, se houvesse tiroteio, colocaria em risco a segurança de muitos moradores.
Atendendo ao pedido, “Furrupa” volta à Delegacia, juntamente com todos os policiais. Ao passo que “Fogoió” vai até seus vizinhos e exibe os cartuchos calibre 16 que usaria num possível confronto. Para ele, era como se nada de excepcional tivesse acontecido.
O combate final
Para o estranho “Fogoió”, a rotina era a mesma: sair vestido de bermuda com uma faca à mostra na cintura e falar mal de “Furrupa”. Porém, para o delegado, era impossível se conformar com aquela humilhante situação.
Uma semana após o último confronto, “Furrupa” retornava de São Luís. Havia mantido contato com seus comandantes, entregando inclusive o relatório dos últimos acontecimentos, recheados de ocorrências raras, promovidas por um sujeito no mínimo esquisito, chamado apenas de “Fogoió”.
Era um sábado, por volta das 17h 30min, quando se ouviram estrondosas rajadas de metralhadoras. Os colonos, não acostumados com tais barulhos, logo estranharam, comentando timidamente sobre o assunto “Fogoió”. Já sabiam que o delegado não havia gostado nem um pouco da intercessão dos colonos na retirada da polícia da casa de “Fogoió”.
Furrupa, que havia viajado para a capital do Estado, voltava agora investido de total autoridade para resolver o caso. No dia seguinte, domingo, Fogoió saiu normalmente pelas ruas largas da colônia. Como era final de semana, havia alguns colonos conversando na barbearia de seu José Barbalho, quando de repente chegou Fogoió para participar do bate-papo. Porém, não houve tempo: a polícia estava à sua procura. Desta feita, eram doze policiais divididos em dois grupos, comandados pelos Sargentos Furrupa e Fernandes.
Ao chegarem, apertados na caminhonete vermelha C10, cercaram o fugitivo e lhe deram ordem de prisão. “Que situação, Fogoió! Agora sim, ficou difícil” – imaginavam os policiais. Fogoió, mais uma vez, surpreendeu a todos: resistiu à prisão, sacou da faca e desafiou toda a polícia. “É incrível!” – diziam trêmulos e à distância os moradores que viam a corajosa atitude de Fogoió. Nessa hora, Furrupa ordenou que todos saíssem de perto, pois ele iria definitivamente resolver a questão, iria atirar. Saíram todos, obviamente, e quando Fogoió estava sozinho dentro da casa do Sr. José Barbalho, não se intimidando com as ameaças, o delegado, a aproximadamente seis metros de Fogoió, acionou decididamente o gatilho. Matou? Não: o tiro foi certeiro numa forquilha no centro da casa.
Em seguida, Fogoió entrou num quarto da casa, onde algumas mulheres se escondiam do confronto, protegendo-se de possíveis balas perdidas. Foi quando ele ouviu a polícia ameaçar matar a todos que estavam dentro da casa. Nessa hora, Fogoió pediu que a polícia não fizesse aquilo, pois ele iria se entregar. Para a felicidade daquelas mulheres e de seus familiares, Fogoió saiu do quarto, jogou a faca aos pés dos policiais e se entregou. Em seguida, foi algemado e conduzido para um local a aproximadamente 120 metros. Jogaram-no ao chão e ali começou um brutal espancamento. Eram coronhadas, chutes e socos – cada policial queria aplicar uma ‘porrada’ no recém-capturado. Com Fogoió dominado, todos ficaram corajosos.
Após alguns minutos, jogaram-no numa C10 e o conduziram até a prisão. Os policiais, não conformados com a prisão apenas de Fogoió, voltaram, depois de haverem percorrido uns 40m, para buscar alguns dos colonos que por ali estivessem e fossem solidários ao preso.
Fogoió sumiu
Na mesma noite, após ter sofrido mais espancamento e ter sido amarrado de cabeça para baixo, Fogoió conseguiu se livrar de todas as cordas, algemas e grades que o prendiam, deixando tudo isso na cadeia. Dizia-se que ele conhecia e praticava muitas rezas e acreditava muito nelas. O certo é que Fogoió fugiu por voltas das 19h 30min, tendo passado por um guarda que o vigiava, sem que este o visse. Quando os policiais perceberam que o preso tinha escapado, quase não acreditaram. Furrupa, então, já temendo novos confrontos com o seu imprevisível inimigo, se irritou bastante com os seus subordinados:
– A única solução seria recapturá-lo imediatamente, pois ele ainda deve estar por perto – frisou.
Em razão das pancadas que levou, Fogoió praticamente se arrastava. Ao passar por um outro policial, que se encontrava em frente a um circo, ele disse:
– Avisa ao Furrupa que eu estou solto!
Embora o local estivesse bem iluminado, quando a polícia se aproximou dele, faltou energia. Então o Fogoió se embrenhou na multidão e conseguiu desaparecer.
Em seguida, Fogoió contou com a solidariedade de muitos colonos e funcionários da COMARCO para sua fuga e seu tratamento de saúde. Ele ainda permaneceu no povoado por alguns dias, escondendo-se no sítio onde mais tarde seria instalado o posto da Polícia Rodoviária Federal.
Na época, vários colonos, temendo a reação do Sargento Furrupa, mudaram-se com suas famílias para outros municípios e até para fora do Maranhão, como foi o caso dos colonos: Francisco Gomes da Silva (Chico Roxo), Manoel Xandú, Sebastião Alvino (Seba), Luis Vieira da Silva (Luizinho), Nizário, e outros. Dias depois, o delegado soube que Fogoió estava sendo tratado na cidade de Rosário, sob os cuidados do importante político maranhense Ivar Saldanha.
Ao final de tudo, Furrupa dizia que, depois de muitos anos de polícia, jamais havia encontrado um problema tão complicado: “Esse Fogoió só pode é ter parte com o capeta” – concluía. Logo em seguida, o policial seria transferido para a cidade de Arame. Esse caso ocorreu no ano de 1975. No ano de 1985, “Antonio Fogoió” retornou à Buriticupu para rever seus amigos colonos, matar a saudade e contar novas aventuras vividas mundo à fora. O seu estado de saúde, em consequência das torturas sofridas já não era o mesmo. Reclamava de fortes dores no peito. Nessa rápida viagem, dizia está de passagem, com destino à Serra dos Carajás-, no Estado do Pará.

fonte: livro 2ª edição - Buriticupu - Sua história, geografia e características gerais. Do antigo projeto de colonização ao progressista município maranhense
ISAÍAS NERES AGUIAR
Imperatriz – MA
2005

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Obras do DNIT estão provocando o assoreamento do rio Buriticupu




As obras de recuperação da BR 222 executadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT) estão provocando sérios problemas de assoreamento ao rio Buriticupu, principal afluente do rio Pindaré. O manancial nasce no município de Amarante do Maranhão, dentro da Terra Indígena Arariboia, (o único rio perene daquela terra, dos índios Guajá e Guajajara), e vem há muito tempo sofrendo dificuldade de sobrevivência.

Não resta dúvida de que as obras de recuperação da rodovia são de grande relevância para o País, para o Estado do Maranhão, e principalmente para essa região do Vale do Pindaré. No entanto, foram iniciadas exatamente durante o período chuvoso. Com isso, praticamente todos os serviços realizados pelas construtoras são levados pelas chuvas para o leito do rio. Os montes de terra espalhados ao longo das margens da BR 222 são transformados em toneladas de lama, que provocam o assoreamento e acarretam graves danos ambientais. Os moradores dos povoados Buritizinho e Vila São José, onde passa o rio são os que mais se preocupam com a situação atual e o destino do manancial.

Tudo isso tem acontecido sem que nenhuma autoridade tenha tomado algum tipo de providência para apurar as responsabilidades pela degradação ambiental do principal rio, que banha os municípios maranhenses de Buriticupu e Bom Jesus das Selvas, já que as atividades das empresas que estão executando essas obras são consideradas lesivas ao meio ambiente, conforme prevê o artigo 225, inciso VII e § 3º da Constituição Federal. A pena prevê, além de outras sanções administrativas, a reparação dos danos.

Para a execução dos serviços da BR 222 foram selecionados dois consórcios de empresas, o Egesa/Aterpa, que cuida da parte que vai da Santa Luzia até a entrada de Arame, e o Tamasa/SPA/Sanches Tripoloni, que cuida da segunda etapa, que vai até 10 quilômetros além de Bom Jesus das Selvas. O primeiro consórcio responde por R$ 175 milhões e o segundo, por R$ 174 milhões, o que totaliza R$ 349 milhões.

Além da diminuição do percurso, um dos principais objetivos do DNIT é a eliminação de curvas acentuadas, e as contenções para evitar erosões entre as cidades de Santa Luzia e Bom Jesus das Selvas. O trecho em obras tem 27 curvas acentuadas é uma ameaça para os motoristas, por isto vão ser eliminadas ou terão seu raio ampliado, a fim de que os motoristas possam fazer estas manobras com mais tranquilidade e segurança.



Isaias Neres Aguiar

Aluno de Licenciatura em Biologia do IFMA – Campus Buriticupu