Capítulo I – A CHEGADA DOS ÍNDIOS
Antes de nossa região possuir o nome atual e mesmo antes de se ter concebido a idéia de implantar um projeto de colonização, a região já era habitada por tribos indígenas.
Foi no ano de 1941 que chegaram os índios Guajajaras, os quais foram habitar uma região à beira do rio Zutiua. Parte da tribo permaneceu de um lado do rio; a outra, porém, atravessou o rio, instalando suas habitações no local que mais tarde viria a se transformar no município de Arame.
Esses índios foram trazidos pelo extinto SPI (Serviço de Proteção ao Índio), procedentes de vários municípios maranhenses, principalmente de Barra do Corda, Grajaú, Vitória do Mearim, Ararí, Santa Inês e Santa Luzia, sendo que todos gostaram da terra que acabaram de conquistar.
Uma surpresa
Ao chegar à região, os Guajajaras viram o que jamais imaginaram: outros índios já habitavam a região. Tratava-se de índios primitivos das tribos Tupi-Guarani e Guajá, que haviam fugido do litoral maranhense para o interior do Estado, aproximadamente no ano de 1650. Naquela época, os portugueses desrespeitavam a vida comunitária dos povos indígenas que viviam em qualquer parte do Brasil e, no Maranhão, não era diferente. Os colonizadores entravam nas aldeias, roubavam, destruíam as roças dos nativos e, pelo chicote, obrigavam-nos ao trabalho escravo. Essa situação era tão dura que muitos morriam de doenças ou de tristeza e desgosto.
Sem outros refúgios, esses primitivos, depois de longas caminhadas, chegaram à essa região pré-amazônica, onde escolheram a citada área, por ter grandes reservas florestais. O certo é que até hoje alguns índios continuam morando em nosso município. Isolados de tudo, eles vivem nas matas que fazem divisa com o município de Amarante (MA). Trata-se de um grupo formado por aproximadamente 35 pessoas que não têm contato algum com brancos. Sobrevivem normalmente da caça e da pesca, coletam frutos, plantas e mel silvestre e não têm o hábito de fumar. Suas habitações são coletivas, feitas de madeira e cobertas de folhas, de forma bastante provisória, pois são nômades, deslocando-se freqüentemente em busca de alimentos, e, ao mesmo tempo fugindo dos madeireiros. Quando possível, escolhem locais próximos de água, e de difícil acesso, sempre orientados pelo seu cacique.
O Dr. Kilmer Freitas Costa, homem de relevantes serviços prestados durante o período da colonização como superintendente da COMARCO, conta que, na época da implantação do projeto de colonização, no ano de 1973, aconteceram vários fatos estranhos, por ocasião das construções das estradas vicinais da colônia. Seus depoimentos dão conta de que, por várias vezes, quando os tratoristas iam apanhar as suas máquinas, que haviam pernoitado no local do trabalho, encontravam-nas totalmente amarradas de cipós, inclusive com os cipós mais resistentes encontrados naquelas imensas florestas. Parece que a intenção dos autores desse feito era mesmo deter aquelas barulhentas e pesadas máquinas que haviam feito um incômodo barulho durante o dia todo.
Diante das inúmeras ocorrências noturnas, às vezes em locais distantes de qualquer lugarejo, supõe-se que os autores dessas façanhas eram os índios da tribo Tupi-Guarani. Irritados e talvez amedrontados com aquelas máquinas, esses índios tratavam os tratores como animais barulhentos e ferozes, que representavam para eles uma forte ameaça e que só à noite, enquanto dormiam, podiam ser dominados. O que corrobora a hipótese de que eram mesmo os índios Tupis-Guaranis que amarravam os tratores é o fato de insistentemente amarrarem aqueles enormes tratores com tantos e complicados nós, mesmo em noites chuvosas e frias. Na verdade, somente pessoas de outra cultura podiam chegar a tal ponto.
Esses índios primitivos em extinção já foram vistos várias vezes por vaqueiros, caçadores e madeireiros, bem como por índios Guajajaras. Por último, por volta das 10h do dia 14 de agosto de 2003, os senhores Adão Pires da Silva e Raimundo Barroso viram não apenas alguns vestígios deixados pelos Guajás como também avistaram alguns deles próprios. Segundo depoimentos daqueles madeireiros, que rapidamente fugiram da reserva, aqueles aborígines de longos cabelos assoviavam iguais a macacos, na intenção de se aproximarem e, em seguida, atacarem os estranhos visitantes brancos. Ao fugirem, aqueles dois exploradores ainda conseguiram ver um bebê, recém-nascido colocado no chão sobre folhagens. Sabe-se também que os Guajás tem grande capacidade de defesa, são: velozes, altos, sabem como ninguém, imitar animais selvagens-, inclusive onças. Quando se vêem em perigos, dão esturros ameaçadores, como se fossem onças, inibindo de vez, todo e qualquer estranho que estejam por perto. O indígena Arão Guajajara, residente na Terra Indígena Araribóia, também já viu vestígios dos primitivos. Em janeiro de 2005, durante suas andanças naquelas florestas, Arão levou um susto ao ver à beira de uma lagoa, enormes pegadas, pelo tamanho, Arão acredita que se trata mesmo de índios primitivos da tribo Guajá.
Um fato curioso, que muito chama a atenção, é que os índios da tribo Guajajara temem e fogem ao verem os índios primitivos. Embora sabendo de sua existência, a FUNAI não tem nenhum controle sobre os primitivos. A existência de índios primitivos em nossa região é confirmada também no livro de Geografia do Brasil da Coleção Horizontes (5ª série), onde se observa o mapa de sua distribuição no território do país.
Os Guajajaras
A tribo dos Guajajaras ou Thenetatha se divide em várias aldeias, como: Lago Branco, Barro Branco, Angico Torto, Betel, Jacu e Marajá. Eles falam a língua tupi e a língua portuguesa, suas terras compreendem uma área de 413.000ha, sendo chamada de Araribóia. Dentre as aldeias, a mais antiga é a Tiririca, fundada em 1941 e cujo líder maior é o velho cacique Felipe Soares Guajajara. Sua alimentação consiste de produtos da caça e da pesca, frutas e legumes. A terra dos índios Guajajaras possui uma lagoa com aproximadamente 18km de extensão, chamada de Lagoa Cumprida. Eles se vestem como os brancos e usam canoas para pesca e lazer.
fonte: livro 2ª edição - Buriticupu - Sua história, geografia e características gerais. Do antigo projeto de colonização ao progressista município maranhense
ISAÍAS NERES AGUIAR
Imperatriz – MA
2005